Nos países ricos, um paradoxo se evidencia: enquanto cresce a consciência sobre o impacto ambiental do sistema alimentar atual, a transformação é buscada através da mudança de dieta. Contudo, muitas das corporações expandindo o mercado de alimentos à base de plantas possuem um impacto ambiental significativo. A expansão não indica uma mudança de suas atividades prejudiciais, mas sim uma estratégia de mercado baseada em tentativas de “greenwashing” corporativo.
Argumentamos que esse “veganismo corporativo” intensifica o sofrimento animal, a exploração humana e a destruição ambiental. Ao promover a ideologia da soberania do consumidor, coloca-se a escolha individual como fator-chave na produção.
Propomos uma alternativa: o “veganismo socialista”. Enquanto o veganismo corporativo foca na regulação final (padrões de consumo), o socialista busca controlar o ponto inicial da produção e distribuição. Isso inclui a transformação das relações de classe e a reparação do desequilíbrio metabólico entre sociedade humana e natureza.
Focamos em países ricos devido à sua maior contribuição para a crise climática e ao rápido crescimento do interesse na transição para dietas baseadas em plantas. Além disso, muitos países mais pobres possuem sistemas agrários distintos, exigindo abordagens específicas para a transformação dos sistemas alimentares.
Essa abordagem busca a decomodificação da alimentação, garantindo o acesso universal a alimentos saudáveis e sustentáveis. Propõe-se a democratização da produção alimentar, limitando o poder das corporações e fortalecendo a autonomia dos trabalhadores.
O veganismo ético é central nessa proposta, buscando eliminar a exploração animal e promover a justiça social. Raízes religiosas e filosóficas antigas, como o conceito de ahimsa, contribuem para essa ética, combinando a preocupação com animais e humanos.
A luta pelo veganismo socialista ocorre em paralelo com a luta por justiça social e igualdade. As transformações necessárias envolvem ações coletivas dos trabalhadores para reequilibrar o poder de classe em favor do trabalho.
Em última análise, o veganismo socialista visa não apenas à transformação dos sistemas alimentares, mas à construção de uma sociedade mais justa e sustentável, onde o respeito aos seres humanos, animais e meio ambiente seja fundamental.
Baseado na notícia de “Monthly Review“.
Alice Barth é uma apaixonada defensora da causa vegana, cujo comprometimento transcende seu estilo de vida alimentar. Sua escrita envolvente e informada busca educar e inspirar os leitores sobre os benefícios éticos, ambientais e de saúde do veganismo, refletindo seu compromisso com um mundo mais compassivo e sustentável.