Ao mergulhar nas ideias veganas compartilhadas pelo Vegano Periférico, percebo que ser vegano vai além da dieta, incluindo também decisões cotidianas, como a recusa ao uso de couro de origem animal. Essa escolha não representa apenas uma exclusão de produtos animais da minha vida, mas uma resposta prática ao desejo por uma sociedade livre de exploração e sofrimento animal.
O couro, presente em bolsas, carteiras, tênis, sapatos e objetos esportivos, muitas vezes é um subproduto da indústria da carne. Aproximadamente 99% das peles utilizadas, provenientes de animais como gado bovino, ovino, caprino e suíno, têm origem nesse setor. Essa ligação intrínseca entre a indústria da carne e a produção de couro torna impossível dissociar as duas atividades.
A exploração direta de outros animais, como crocodilos e cobras, para atender às demandas da indústria da moda de luxo, também levanta questões éticas. Combater o uso de couro implica, portanto, em enfrentar diretamente a produção em larga escala de origem animal.
Como vegana, recuso-me, na prática, a contribuir com essa cadeia de exploração animal. Não questiono apenas a necessidade de nos alimentarmos desses seres, mas também rejeito o uso de suas peles e couros. Enxergo os animais como seres sencientes, incapazes de serem reduzidos a meros objetos consumíveis.
A tecnologia e o desenvolvimento de materiais sintéticos oferecem alternativas de alta qualidade ao couro tradicional. Materiais como o couro sintético proporcionam não apenas desempenho semelhante ou superior, mas também são mais éticos em termos de impacto ambiental e bem-estar animal.
Embora o uso de couro esteja profundamente enraizado em tradições culturais, especialmente na cultura sertaneja, questionar essas práticas se torna crucial. A urbanização e o avanço tecnológico nos proporcionam opções éticas e sustentáveis, tornando a tradição do uso de couro animal questionável diante das alternativas disponíveis.
Refletir sobre a necessidade de usar couro animal para estar na moda ou bem-vestido é um convite à autoanálise. Ignorar os impactos sobre os animais em troca de acessórios de couro é uma escolha que, à luz das alternativas éticas disponíveis, merece ser questionada. Como vivo, me relaciono com os animais e visualizo meu futuro são questões centrais que o veganismo me impulsiona a enfrentar de maneira consciente.
Baseado na notícia de “Terra“.
Alice Barth é uma apaixonada defensora da causa vegana, cujo comprometimento transcende seu estilo de vida alimentar. Sua escrita envolvente e informada busca educar e inspirar os leitores sobre os benefícios éticos, ambientais e de saúde do veganismo, refletindo seu compromisso com um mundo mais compassivo e sustentável.