Especialistas concordam que consumir mais refeições à base de plantas é uma escolha mais saudável para os indivíduos e uma opção mais sustentável para o nosso planeta. No entanto, preferências e estereótipos culturais profundamente enraizados, especialmente aqueles relacionados ao gênero, continuam a ser barreiras significativas para reduzir o consumo de carne, especialmente entre os homens.
Um estudo recente publicado no periódico Frontiers in Communication lança luz sobre esses desafios e explora o potencial do marketing para transformar as percepções de alimentos à base de plantas, potencialmente incentivando mais homens a adotar essa mudança dietética.
As associações tradicionais entre consumo de carne, força e masculinidade frequentemente colocaram dietas à base de plantas como mais adequadas para mulheres do que para homens. De fato, um estudo publicado no periódico Sex Roles neste ano descobriu que homens que se identificavam como mais masculinos estavam associados a uma menor probabilidade de reduzir o consumo de carne ou considerar o veganismo.
No entanto, os tempos podem estar mudando. Uma pesquisa recente descobriu que o vegetarianismo não é mais considerado inadequado para homens, embora o veganismo ainda carregue a percepção de ser menos masculino.
Apesar dessa mudança, os homens frequentemente priorizam escolhas que estejam alinhadas com sua identidade de gênero mais do que as mulheres, resultando em um consumo contínuo elevado de carne entre os homens.
A nova pesquisa, liderada por Alma Scholz, explora a conexão entre masculinidade, estereótipos de gênero e consumo de carne.
Scholz, que conduziu sua pesquisa na Universidade de Würzburg e agora está afiliada à Universidade de Estocolmo, argumenta que alterar a apresentação e o marketing de alimentos veganos poderia ser uma solução potencial. Ao enquadrar a comida vegana de maneira mais masculina, os homens podem estar mais propensos a adotá-la, reduzindo a resistência a mudanças na dieta.
Scholz e seu colega, Jan Lenhart, PhD, da Universidade de Bamberg, realizaram um estudo para investigar se a mudança no marketing de alimentos veganos poderia influenciar as percepções e preferências dos homens.
Eles recrutaram participantes online e forneceram descrições de vários pratos, que incluíam palavras tradicionalmente associadas aos pratos, bem como aquelas associadas a alimentos “masculinos”. Os participantes foram então solicitados a avaliar os pratos e a avaliar sua adequação tanto para homens quanto para mulheres.
O estudo revelou que as participantes mulheres eram mais propensas a seguir uma dieta vegana e tinham uma visão mais favorável do veganismo em comparação com os homens. Razões éticas e de saúde foram as motivações mais comuns para adotar uma dieta vegana. Importante, os participantes que estavam familiarizados com veganos tendiam a exibir uma atitude mais positiva em relação aos pratos sem carne.
Curiosamente, a preferência por pratos veganos entre os homens não mudou significativamente com as descrições alteradas.
No entanto, as descrições alteradas conseguiram modificar a percepção desses pratos. Eles foram vistos como menos femininos e mais neutros, possivelmente abrindo caminho para que os homens os adotassem sem sentir que comprometiam sua masculinidade.
“Com uma breve intervenção, a percepção sobre a adequação de gênero de alimentos veganos foi afastada da feminilidade e aproximada de uma posição neutra”, disse Scholz em um comunicado.
Vale ressaltar que homens que se identificavam com a masculinidade tradicional foram mais influenciados pelo marketing masculino ao avaliar os pratos. No entanto, esse achado foi observado na maioria dos participantes masculinos, indicando que uma amostra mais ampla e diversificada pode apresentar resultados diferentes.
Embora o estudo forneça insights valiosos, os pesquisadores enfatizam que uma intervenção de curto prazo sozinha pode não ser suficiente para trazer mudanças significativas nas escolhas alimentares.
“Mesmo que essa mudança não tenha ido até o fim, intervenções de longo prazo podem ter o potencial de mudanças ainda mais fortes, resultando em uma melhoria na preferência dos homens por pratos veganos, e, portanto, valem a pena explorar ainda mais”, acrescentou Scholz.
O estudo destaca a influência duradoura dos estereótipos de gênero nas escolhas alimentares e o potencial do marketing para desempenhar um papel na remodelação dessas percepções.
À medida que o mundo enfrenta a necessidade urgente de escolhas alimentares mais sustentáveis, encontrar maneiras de incentivar os homens a adotar dietas à base de plantas torna-se cada vez mais crucial. Pesquisas futuras podem lançar mais luz sobre a eficácia de intervenções de longo prazo na alteração das preferências dos homens e no fomento de uma cultura alimentar mais sustentável e equitativa.
Alice Barth é uma apaixonada defensora da causa vegana, cujo comprometimento transcende seu estilo de vida alimentar. Sua escrita envolvente e informada busca educar e inspirar os leitores sobre os benefícios éticos, ambientais e de saúde do veganismo, refletindo seu compromisso com um mundo mais compassivo e sustentável.